29 novembro 2006

João e Maria Cariocas

Era uma vez, um casal de irmãozinhos, filhos de pais muito pobres e que moravam numa favela do Rio de Janeiro. Não aquela cidade que representa o Brasil em todo filme americano para a qual os bandidos adoram terminar felizes para sempre, mas sim aquela que apareceu no Cidade de Deus ou no Central do Brasil.
Os dois eram diferentes das outras criancinhas do lugar, não que alguma fada madrinha tinha abençoado os infelizes quando eles nasceram, longe disso. Eles eram diferentes porque já tinham quase 10 anos e ainda estudavam, tinham os dois pais vivos e mais nenhum irmão!
Mas como a miséria um dia chama à todos na grande Rio de Janeiro, um belo dia a merenda da escola foi cortada sem motivos aparentes logo após a eleição do candidato da oposição para o próximo mandato e eles passaram a viver com apenas uma refeição por dia. Para a Maria que sonhava em ser Top Model isso já seria uma vantagem pois se acostumaria o quanto antes com a realidade dos seus dias vindouros. Infelizmente, o Joãozinho queria ser jogador de futebol e falta de comida seria um problema...
Para resolver essa, a família colocou os dois para vender drops no sinal, mas como o Capital Inicial do empreendimento era limitado, não deu pra comprar uma caixa de Halls, tiveram que se virar com aquela marca vagabunda que o papelzinho vem melando tudo mesmo.
Depois de dois longos dias trampando no sinal sem passar do meio da caixa, eles resolveram voltar para a casa na favela. Como ainda era claro, eles resolveram dar uma voltinha antes pela Floresta Amazônica e depois tomar um banho nas Cataratas do Iguaçu (Liga não pessoal, isso aqui já é roteiro pronto para filme americano...) Quem sabe no caminho eles não viam alguma Parade de Carnaval?
Na floresta eles deveriam deixar alguma coisa marcando o caminho de volta para não se perderem, mas as migalhas de pão tinham acabado na última regravação da história, logo não demorou muito para se perderem.
Lá pelas tantas, eles encontraram uma casa feita de doces pertencente a uma bruxa velha comunista que ali havia se entrincheirado na Guerrilha do Araguaia e que ninguém tinha tido o trabalho de avisar que a Ditadura Militar tinha acabado e que fazia tempo que já não dava mais pra saber quem era de esquerda ou quem é de direita... O importante é que a velha adorava comer uma criancinha, do jeito antropófago, entende?
As crianças que já estavam cheias de vender drops e não poder chupar nenhuma balinha, resolveram tirar o atraso: Comeram tanta bala, doce e chocolate que até a Bruxa desistiu de lhes comer com medo do excesso de calorias.
As crianças foram liberadas e voltaram pra casa, como não tinham escovado os dentes e nem ido ao dentista depois de tanto doce, hoje ganham a vida fazendo imitações do Tião Macalé (Nojento!) ou propagandas da Corega (Agora eu posso assoviar novamente! Eca!).
A bruxa não resistiu aos ataques de formigas e demais insetos atraídos por tanto doce no mato e acabou indo morar num asilo de idosos, onde, segundo fontes fidedignas, está relembrando dos velhos tempos da tortura militar.
E o país? Como todo conto de fadas, alguém tem que terminar bem, assim acabamos:
- E os políticos, impunes, viveram felizes para sempre...
O resto do povo se f...

26 novembro 2006

Peter Pan

Era uma vez um grupo de crianças inglesas, daquelas bem tradicionais e chatinhas da Europa. Um dia a mãe mandou os engraçadinhos dormirem e eles resolveram desobedecer e ficar acordados até tarde contando histórias.

Foi quando inesperadamente surgiu pela janela um carinha com síndrome de Michael Jackson com umas roupinhas ridículas e justinhas verde-limão, um tal de Peter, que quando não estava à procura de novas criancinhas para serem suas amigas, cuidava de sua padaria, sendo mais conhecido como Peter Pão.

Ele chegou já se apresentando e puxando assunto com a gurizada, quando resolveu chamar uma amiga sua, Aviãozinho, ou melhor, Sininho que trouxe um pó que iria fazer as crianças “voarem”.

Só pra variar as crianças experimentaram o pó e ficaram doidonas, pedindo mais. Peter que não era bobo nem nada, falou que elas teriam que pagar as próximas doses ou teriam que ir com ele para uma tal de “Terra do Nunca” para ganhar mais supostamente de graça.

Como as crianças já tinham gasto toda a mesada que tinham juntado a vida inteira comprando um Playstation 2 e uma fita original na semana anterior e não podiam mais viver sem o pó, seguiram o Pedófilo, ops!, Peter.

Com alguns documentos falsos, foi fácil sair das barbas da dura polícia inglesa e ir parar numa terra de muito samba e carnaval, onde NUNCA iriam ser procurados, NUNCA iriam ser presos, NUNCA iriam ser incomodados e assim por diante.

Eles até que viveram bem por alguns meses em uma safadeza sem tamanho, mas um belo dia, a polícia brasileira que estava no encalço de um grande ladrão de galinhas local, encontrou o covil de Peter por acaso e teve que tomar uma providência: Desceu o pau no safado e mandou os meninos de volta para a casa de sua avó, uma tal de Rainha Elizabeth II.

Peter resolveu mudar de vida depois da surra. Encontrou-se com a religião e resolveu virar padre católico nos EUA, mas isso já é outra história...